RENÚNCIA.

Pela noite

Passava o vento

Em cantoria.

Atiçando as faíscas

Do que já era inflamável.

Temi, em silêncio

A indiscrição de Deus,

No fogo que ardia.

Roguei aos céus

Que não pingasse

Por entre as telhas,

Molhando as veias

Dum coração

De contornos estreitos.

Renunciei à lua,

Quase nua

Reverenciando o sol.

Matei a sede nas cascatas

Como se curasse ressaca.

E num suspiro profundo

Por fim,

O deixar-se ir...

Elenice Bastos.