PEQUENO TRATADO BURLESCO

A poesia não é bonita.

Ela enraba os bem vestidos

e enaltece os maltrapilhos:

na humildade,

na unidade de ser ser:

humanos

(húmus - ânus).

A poesia defeca

na boca dos verborrágicos

e acena

com o dedo do meio em riste.

Ela grita, chora,

sua, cospe e escarra:

escaras na face.

Dá soco na boca

(na do estômago, também)

e arranca dentes

e corta beiço

e quebra nariz.

A poesia é feliz!

Extirpa tripas

(vísceras todas)

e faz sopa de miolo de gente.

A poesia

come por dentro

e cheira osso triturado:

cálcio nos brônquios.

Rápido! Ela precisa respirar!

A poesia gargalha alto,

solta um arroto forte

e vomita o belo.

A poesia é linda!

Antônio Carlos Policer
Enviado por Antônio Carlos Policer em 04/03/2023
Código do texto: T7732616
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