PEQUENO TRATADO BURLESCO
A poesia não é bonita.
Ela enraba os bem vestidos
e enaltece os maltrapilhos:
na humildade,
na unidade de ser ser:
humanos
(húmus - ânus).
A poesia defeca
na boca dos verborrágicos
e acena
com o dedo do meio em riste.
Ela grita, chora,
sua, cospe e escarra:
escaras na face.
Dá soco na boca
(na do estômago, também)
e arranca dentes
e corta beiço
e quebra nariz.
A poesia é feliz!
Extirpa tripas
(vísceras todas)
e faz sopa de miolo de gente.
A poesia
come por dentro
e cheira osso triturado:
cálcio nos brônquios.
Rápido! Ela precisa respirar!
A poesia gargalha alto,
solta um arroto forte
e vomita o belo.
A poesia é linda!