Poemas no olhar
Poemas no olhar
Eu sei que os nossos olhares são transparentes e não mentem
Quando se abraçam em profundos lugares e com ternura se sentem
Eles simplesmente balançam como batel no mar à deriva
Dançam um com o outro numa loucura de amar docemente cativa
Eles se entrelaçam por entre dores e mágoas nestas águas de sal
Choraram na pele que trocaram os dias de cores esbatidas em temporal
Também rasgaram sorrisos de alegrias sentidas em comunhão
Brilham para o mundo os amores que se declaram no coração
Eles têm bem lá no fundo páginas bordadas de versos rimados
Histórias apaixonadas em poemas dispersos perfumados
Memórias que só a saudade sussurra baixinho aos ouvidos
Palavras mudas sufocadas em liberdade de desejos contidos
Eles têm as alvoradas quentes luminosas do raiar do nosso sol
Os poentes das tardes cansadas que tingem as tonalidades do arrebol
A inevitabilidade do fado que com as suas mãos habilidosas os uniu
O amor puro enlaçado numa eternidade que os escolheu e lhes sorriu
Luísa Rafael
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Porto, Portugal