Vou na Valsa
O tempo comeu minha paciência
O tempo devorou minha esperança
O tempo tem mastigado minha juventude
(com a malícia de um cão que late porque fareja o medo)
O tempo sorveu as vértebras da minha coluna
O tempo mordeu meu calcanhar para que eu parasse de andar ligeiro
O tempo engoliu meus pulmões
(e deixou só ar rarefeito)
O tempo é faminto
O tempo é voraz
E passa sagaz abocanhando em desespero
Ele passa mesmo querendo ficar
Enquanto eu me permito perder o seu compasso
As vezes escolho me atrasar
Eu fico. Eu espero.
O meu apetite é quando.