DISSECANDO MEU CORPO
Eu expus meu corpo ao sacrifício
como se tudo fosse ossos do ofício,
mas consegui manter coesa a estrutura.
Tentei manter meu corpo todo inteiro,
mesmo sangrando por chagas aparentes,
sofrendo as dores de um modo conseqüente.
Vi o sangue correr por minhas veias,
como os rios correndo sobre a terra,
rumo ao mar que sempre o encerra.
Senti dores nos pés sempre cansados
de caminhadas durante toda a vida
e que levava uma alma ressentida.
Senti as dores de um corpo judiado
por chicotadas que pude suportar,
embora nunca pudesse reclamar.
Senti as dores pulsarem em minha mente
como se a cabeça quisesse estourar,
e assim mesmo eu soube suportar.
Senti o meu coração pulsar no peito
E, acelerado do jeito que eu estava,
fiquei atento esperando uma parada.
E, assim, vendo um corpo maltratado,
mesmo depois de o tempo ter passado,
eu me ative ao que fora programado.
VEM.16/05/05-