CONFINS DO AMOR
Amor é destempero, chão avesso e matreiro,
sacode os ares, os azedos, os vãos arredios,
acolhe os gostos chutados sem pestanejar.
Amor fagulha as ideias, os desmandos,
desmancha mandingas cruéis,
aglutina o que se perdeu e chorou.
Amor é alvissareiro, cheiroso, bondoso,
sabe dos nossos engodos e armações,
convive com avessos sem perder a fé
e nem a ginga.
Amor é voraz, languido, feroz,
tem sangue abrupto, sinas severas, recantos calejados,
se faz de mago pra não reverter a lida,
se faz de sonso pra não surrupiar dores outras.
Amor deixa a alma tilintando, feliz toda vida,
não tem herdeiros, nem berros correlatos,
é só nele que há o que tatear, ungir, abençoar.
Que sejamos sempre dignos dos seus encantos,
mistérios, prosas e confins.
Especialmente os confins.