Sentir
Sentir
Sentir os cheiros dos orvalhos húmidos das manhãs
Os pinheiros altivos que tocam o céu numa arborizada paz
As poeiras que os meus pés descalços arrastados sacodem
As marés de espumas turbulentas que não dormem
Sentir a terra com as sementes lapidadas de ouro
O sol das claridades quentes que no céu é tesouro
A serra com os suas colinas nuas como seios
O lençol de água em rotas curvilíneas de serpentes nos permeios
Sentir o deserto perolado de areias finas adormecidas
O livro aberto da floresta de sombras misteriosas sentidas
Os cânticos das aves numa orquestra majestosa afinada
Os barulhos ocultos românticos que vibram assim do nada
Sentir em mim o coração da inocente Natureza
Sentir na mão quente a única pulsação que é certeza!
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal