Desordem
Pode ser uma desordem
Nos sentidos
Um olho furado
Um grunhido
E lá fora sem saber
A chuva encharca os bueiros
Molha até passarinho
A vida passa meu amigo
Passa calada ou gritada
Se alarga feito um rio
Se estreita feito um gemido
E lá fora tem meninos
Que não brincam, trabalham
Carregam pedras no lombo
Não comem doce, e já são maridos
Pode ser uma lágrima
Entre súbitos sorrisos
Um deus que nos esquece
Um destino sombrio.
Milton Antonios
04jan/2023