Acabou o carnaval
Acabou o carnaval
Não adianta mais
Esperar pelo bloco
Que não veio
Que vinha
Que não virá
Guardar as fantasias
E todas as alegrias
Que teria
Qualquer folião
Agora restam as cinzas
As melancolias
O triste espetáculo
Da realidade
Do dia a dia
As máquinas concretas
O seu riso cínico
Os espectros
Virão saindo
De suas tumbas
De seus recantos
De suas certezas
E no cenário
Montado na cidade
Se desenrolará
Célere a farsa
Em que cada qual
Com um parafuso torto
Tentará encaixar
Sua cota de veracidade
Para substituir a fantasia