INSÔNIA DESCRITIVA (poema 5, dos 30 poemas, para Djavan)
Longe daqui e perto de mim mesmo
uma mulher passa,
uma criança chora.
O dia cresce sem dar interesse aos sonâmbulos.
A ave noturna, a paz do lenço,
desbotado,
sem dar importância à falta de utilidade atual.
O peso da tez,
o dedo assimilando a pomada antialérgica,
a planta artificial estática,
em sua falta de vigor e seiva.
O dia amanhecendo depois de conceber
todas as possibilidades entre sim, não,
pode ser.
Folha que nasce, flor que abre,
chuva que se estabelece, sol que se anuncia.
A janela vigia a hora de ser aberta,
um vidro qualquer,
que tem a utilidade de deixar ver
o dia amanhecer.
Solineide Maria
Fevereiro de 2023