Querida progenitora
MÃE,
Eu te falaria isso pessoalmente
Mas sei que não me ouviria
Porque você só ouve a si mesmo
E como nas outras vezes, apenas me ignoraria
Por isso te escrevo esse poema anonimamente
Talvez as palavras de um estranho,
Sua atenção chamaria.
Gostaria de pedir perdão
Por todas as vezes que contigo fui má
Mas é que meu coração doía muito
Quando meu carinho eu te via rejeitar
Eu só precisava que você me dissesse:
Mesmo que o mundo te destrua,
contigo irei sempre estar.
Mas você nunca me disse
E na primeira vez que o mundo me destruiu
Pensei em correr para teu colo
Mas teu colo para mim era tão distante e frio
Me senti o mais infeliz dos seres
Não tendo mais nada, além de um grande sentimento de vazio.
Quero que saiba também
Que para mim foi humilhante
O teu carinho mendigar
Senti que poderia ser mais fácil
Se teu abraço viesse a me reconfortar
Mas você me deu as costas
E escolheu me rejeitar.
Se você tivesse sido
Um pouco menos estressada
Poderia ter evitado
Tantas idas ao psiquiatra
Seria melhor ter sido minha amiga
A ter me lançado palavras que feriam como facadas.
Hoje aprendi a me calar
Não te contei da primeira vez que beijei
Nem quando meu coração bateu forte
Quando senti que me apaixonei
Também não contei da primeira vez que meu coração foi quebrado
E que nas noites silenciosas, sozinha chorei.
Sei que poderia ter sido diferente
Se eu fosse a filha que você quer
Mas eu infelizmente escolhi meu próprio caminho
E se der errado, seja o que Deus quiser
Te amo e te peço desculpas, mãe
Prometo que farei o melhor que eu puder.