Reflexões de um otário
Nasci de preces, fui hábito
Sou estresse, sou sólido
E se amanhece, fico sórdido
Não que eu já não tenha ido a óbito.
Sou freio quando meu coração acelera
Acreditei naquilo que verdade não era
Não que eu já não tenha uma lábia sincera
Daquela que te exalta e que te venera.
Sorriso estampado no rosto,
Uma lágrima por aqui e por ali,
Enxugo rapidamente e disfarço,
"Foi um cisco que caiu aqui".
Canto, danço, escrevo, oro em silêncio
Ora me dói viver, ora me tenho propêncio a ser feliz
No espelho, me vejo sorrir, me vejo gozar da beleza
Mas se fecho os olhos, sinto-me caindo em profundo abismo.
Seria isso uma possível depressão?
Ou será que eu só quero um pouco de atenção?
Seria aquele sentimento de que venho me escondendo?
Ele me capturou, após anos de fuga, após anos de luta.
É como um tic-tac tocando infinitamente em minha mente,
É como uma adrenalina que me bate de repente,
É algo humano que me faz sentir como se não fosse gente,
É como uma montanha russa de expectativas.
Ela sobe o morro da felicidade lentamente
E desce rapidamente em tristeza
Ela dá voltas com muita adrenalina
Mas seus trilhos são limitados e logo volta de onde partiu.
Se eu não me importasse, não teria ido naquela montanha-russa
Não tenho medo de alta velocidade, nem de altura
Só me joguei no momento, pois precisava sentir uma brisa
Eu precisava sentir algo, sair da minha zona de conforto.
Aquele ruído do carrinho deslizando sobre os trilhos de metal
Aquela gritaria dos jovens levantando seus braços para cima
Aquela sensação de que eu seria atirado para fora do carrinho.
Não, não é sobre amar; Não é sobre compreender
Esse mundo é sobre sofrer, lutar ou se conformar
Não, também não é sobre ficar calado; Nem se comprometer
Esse mundo é sobre saber que em cada ganho haverá uma perda.