Memórias
Ao longe, descendo o Lethe
a Candeia iluminava.
Após ordem à Euterpe
A melodia começara
Terpsícore ouvia,
Teu corpo arrepiara,
Tuas pernas tremiam
e o impulso a tomara
Erato e Calíope recitavam
O encontro de corpos
que Clio, Tália e Melpômene descreveram
E Urânia vira nos Astros...
Polímnia ordena que toque os hinos
Euterpe insuflava a orquestra
Mnemosyne atenta a descida do barco
E as águas dos rios, em festa
O condutor para. As Musas representam...
Era tenro o momento, de toque intenso...
Dois corpos ardentes, o beijo nos lábios
O arrepio na pele, apelos calados
O arfar saíra da boca,
Em sussurros descuidados
Teu corpo em movimento,
Desejo e pecado
Era o ápice!
Mnemosyne dera ordem:
Alethéia, por favor!
Tal lembrança é memorável
É castigo ao senhor...
[...]
Desperto no paraíso,
Com uma deusa ao meu lado.
Dou-lhe um beijo nas costas
e vejo teu corpo arrepiado
Agradeço à deusa grega
pelo dom da memória
fico horas do meu dia
relembrando essa história
Mas quem dera conseguira
manter só no meu pensamento
toda troca ardil e intensa
que naquela noite tivemos
Por isso: tinteiro e pena
eternizo aquela cena
Já gravada na minha mente
escrevendo este poema