E se não fosse!
Terias me dito com olhos abertos,
Como souberam os outros lábios,
Ou apenas fingiste não os ter,
Na mera inocência do prazer,
E se não fossem as letras,
Como poderias escrever,
Essa cólera febril que te rasga,
Feito a décima primeira praga,
Que costura o corpo,
Com as agulhas da excitação,
E se não fossem os raios,
Como buscarias inspiração,
Deixavas esta aos gritos,
Ou atenderias o chamado dos aflitos,
Que ousaram atravessar o canal da glote ,
Ávidos pelo soar da liberdade,
Num cálice cheio de outros desejos,
Que floriram na alma,
Quando as chamas circulam o sangue,
Estimulando as artérias de embriagadas vontades,
E se não fossem versos,
Gemidos e tímidos,
Fruto de um sucessivo orgasmo mental,
Que o cérebro não segurou,
E teve de deixá-lo sair de forma natural,
Para não atrofiar os nervos excitados,
Perante a nudez da inspiração,
O que seria, se não fossem livres as palavras(...)!?
(M&M)