ANJOS À BEIRA DE UM SUICÍDIO
Corpos desnudos de anjos
À beira do suicídio
O não dito tantas vezes
(Até que se torna realidade
E deixa em mim um frio na espinha)
Em pouco tempo
Tudo é ilusão e desembarco na vida
Com um estranho sentimento
Pulsando nas veias
Tenho uma grande dúvida
&
Não sei se alguma coisa vai dar certo
Nesse meu coração de mil e novecentos
& alguma coisa
Exposto aos acasos do dia-a-dia
Já não espero viver
Num admirável mundo novo
Onde eu seja um rei
Aguardando tranquilamente
Que a morte seja um recomeço
Não canto meu fracasso
De uma fantasia feita nas coxas
Nem forço a barra
Para entrar num paraíso
Que eu sei se existe
Apesar de tudo
Espero que o ponto final
Ainda esteja longe
E que meus olhos ainda vejam
Muitos corpos de anjos desnudos
À beira de um suicídio