CONFISSÃO NIILISTA
Confesso aqui minha impotência,
minha insignificância,
minha má vontade com
o mundo,
minha inadequação radical
a realidade que nos é imposta,
toda minha absurda desesperança
e repúdio ao status quo que me define e suporta.
Não esperem de mim
qualquer bem ou mal querer,
nenhuma cumplicidade
com os modos de vida dominantes
que reduzem a existência a prisão de um rosto.
O ego faz do desejo sua ilusão mais contundente
e reduz o mundo a um jogo de sedução
onde nada é realmente possível.
Então, simulo aqui uma insólita confissão.
Afinal, todo ato de linguagem é surdo e absurdo
e deve ser reduzido a um ato de transgressão.