La.res
vem. se achegue devagarinho. descansa teus cabelos no azul da saia. deixe que seus pés fiquem roucos. tiro sua camisa como a uma prece. para que teu peito invada esse resto de abraço. fica-te pelos sorrisos que colhi agorinha. onde a palha derramou. esquenta minha alma em cada rastro de ti. aguardo teu cheiro. me espreguiço no mundo. finjo que quero fugir. mas dentro de ti ocupo todos os espaços. te absolvo em dois goles do drink. apreendo seus olhos com a arte de desvencilhar suspiros. dessa pele tão. tão sua. o pensamento esqueci no chão. faço domingo nascer em tua sobrancelha e te escrevo como te benzo. escrevo e escrevo. para morrer assim. numa palavra roubada de sua boca. finco-te no depois.