Grito para ver se Grace escuta

Terminado o primeiro quadro

Veio o strip-tease dos produtos

Havia aplausos e sono sobre o sonho

Que é o manto da alma

Na escuridão fria da imagem.

Chamada um.

Dois três e quatro.

Vai começar de fato

A ópera bip.

Coitada, solitária, imensa.

Quer dizer inteligência

Num site de relacionamento.

Teatral, moderna, enigmática.

Sobre o fantasma do real.

Na tela os olhos comem os desejos que são fabricados

Os olhos comem, comem, comem os apelos

Devoram certezas da implacável comemoração eterna.

Pouco importa se o sol retorna e se na rua chove, se há chuva.

Pouco importa se alguém chora a verdade da natureza crua.

Se a novela faz chorar e eu não choro indiferente às novelas compostas de contos simples e processos conjugais.

Grito para ver se Grace escuta

Da cozinha da sua luta - parte o eco do meu grito

Grito saudade\ de cinema mudo.

(Onde brotava inteligência dos fatos além do retrato).

Grito um canal para mudos e surdos como grito para ver se Grace escuta como eu - que ouço e vejo

Mudo e surdo da imagem de Grace sem beijo

Intocável entre o strip-tease dos produtos.

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Sonhando mundos instantâneos sem contas da imaginação.

Grito para ver se Grace escuta. E há silêncio quando cai o manto

da alma.

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Tércio Ricardo Kneip
Enviado por Tércio Ricardo Kneip em 10/12/2007
Reeditado em 19/12/2007
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