Grito para ver se Grace escuta
Terminado o primeiro quadro
Veio o strip-tease dos produtos
Havia aplausos e sono sobre o sonho
Que é o manto da alma
Na escuridão fria da imagem.
Chamada um.
Dois três e quatro.
Vai começar de fato
A ópera bip.
Coitada, solitária, imensa.
Quer dizer inteligência
Num site de relacionamento.
Teatral, moderna, enigmática.
Sobre o fantasma do real.
Na tela os olhos comem os desejos que são fabricados
Os olhos comem, comem, comem os apelos
Devoram certezas da implacável comemoração eterna.
Pouco importa se o sol retorna e se na rua chove, se há chuva.
Pouco importa se alguém chora a verdade da natureza crua.
Se a novela faz chorar e eu não choro indiferente às novelas compostas de contos simples e processos conjugais.
Grito para ver se Grace escuta
Da cozinha da sua luta - parte o eco do meu grito
Grito saudade\ de cinema mudo.
(Onde brotava inteligência dos fatos além do retrato).
Grito um canal para mudos e surdos como grito para ver se Grace escuta como eu - que ouço e vejo
Mudo e surdo da imagem de Grace sem beijo
Intocável entre o strip-tease dos produtos.
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Sonhando mundos instantâneos sem contas da imaginação.
Grito para ver se Grace escuta. E há silêncio quando cai o manto
da alma.
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