Deixai as Folhas Serem

Deixai as folhas

Deixai dançar

Deixai dançar aos ventos

Deixai as folhas

Todas dançarem

Encherem as calçadas

Cobrirem as estradas

Deixai!

Deixai !

Deixai !

Cumprir a missão de leveza

de suavizar as feiúras do mundo

das mulheres

dos homens

dos meninos

Deixai cumprir a sua sina

de pulverizar poesia com suas andanças em vôos raros

Deixai

Deixai !

Deixai !!

Por favor

Deixai as folhas serem quem elas são

Poema puro raro

Tendo inscrito em suas asas

os cheiros de poesias que dançam sua sina, seu destino compondo a sua existência perante a boniteza do mundo sujo da beleza dos poemas com as cores do sol e das luas da

Deixai as folhas serem folhas

Não as recolhas em vasos vazios frios carregados de solidão

Deixai as folhas escreverem as suas histórias tão eternas por serem tão breves, leves, soltas...livres

Sem porteiras

Sem rédeas

Sem muros

Sem cercas

Sem cabrestos

Deixai!!

Deixai as folhas cintilarem as suas cores

Com seus cheiros pelos chãos

compondo as suas vidas como raras obras de arte

Deixai as folhas como estrelas reluzirem como os vaga-lumes

na firmeza do eternizar - se como versos livres que cospem labaredas das coivaras de suas existências!

Deixai as Folhas serem o que elas não podem deixar de ser

Belas!

Deixai as Folhas tingirem o terreno do tempo com o perfume de sua teimosia

Deixai !!

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 17/02/2023
Reeditado em 18/02/2023
Código do texto: T7721576
Classificação de conteúdo: seguro
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