DISTÂNCIA E CONTROVÉRSIAS
Canta o sol no jardim dos esquecidos --
É a marcha de batalhas ancestrais!
Que pé terá batido esse compasso
Na urgência dum milagre não o sabemos,
Exilados na luz doutra verdade
No perpétuo horizonte dos fulgores,
Perdido, Minotauro do Picasso.
Somos o verme após o cego passo
A constranger o nosso orgulho estúpido --
Sob que gigante somos abolidos?
Deteriora-se o azul no fundo insólito
Da solidão das horas impassíveis.
Canta as demandas por céus cataclísmicos
E objetos zoadores confiscados --
E a alma é essa bizarra Área 51,
Conspiração embalada pra viagem.
Canta o sol sobre as lápides de estranhos
Que não me ocorre estância mais funesta.
Do peito frequentado por vontades
Um ritmo pisoteia o verso livre...
Austero, claro e, sim, metido-a-besta,
Perdido, terafins do bom Labão.
Não pode ser medido o quanto falta
A palmos imprecisos, passos curtos
Nas alamedas do silêncio -- brisa
E pombos nesse itinerário ambíguo,
Nesses tempos profanos de alegria
E alegoria ao vento mais sacana.
Prejuízo : o quanto falta foi roubado,
Perdido, já, feito certa Mont Blanc.
Que temos, já, que não teríamos antes
Do sol sobre o jardim dos esquecidos?
Vocação pra distância e controvérsias --
Entre Zema e azêmolas eu passo
E esse que insiste em validar o réprobo
Tem pão de queijo no lugar do cérebro.
Andam falando do racismo em Plath,
Andam falando do racismo em Lovecraft
E do fascismo em Pound, ai meu saquinho...
E no jardim dos esquecidos somos
O mármore discreto, o musgo obtuso
E a vã perplexidade das ausências,
O granito que traduza dum grito
O desespero de durar impune.
Que seríamos senão o que compreende
O caos no pensativo grão de areia
Que se arrogasse a mundos impossíveis?
O vento afaga orquídeas improváveis,
Promessas miseráveis e o aviso
De chuva intensa no canal do tempo --
Mal lembraremos disso a beira outono,
No São Bartolomeu, não mesmo, aposto...
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