ESPERAS E ESCOMBROS
O que não existe escoa feito sonho
Nas fímbrias do abismo,
Rio subterrâneo de dialeto indefinido
Feito a adaga de um demônio cego,
Furioso qual larva que se gaba
Em solilóquio esdrúxulo --
A promissória dessas asas impossíveis
É o Nada convencido da excelência
Em protocolos concebidos em pátio de hospício.
O que não existe é a imanência
Da vontade em mil estrelas sórdidas
Como o mapa astral dum Bórgia
E as mil sombras que me ocorram
Com memórias e remorsos e sorrisos
Ao deixar um cemitério mal cuidado em Vila Velha.
O que não existe é ainda esperas e escombros
Do tempo que o Tempo esqueceu
E emanações da terra em cios e rocios
Na insipidez do que ainda é dor.
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