ESPERAS E ESCOMBROS

O que não existe escoa feito sonho

Nas fímbrias do abismo,

Rio subterrâneo de dialeto indefinido

Feito a adaga de um demônio cego,

Furioso qual larva que se gaba

Em solilóquio esdrúxulo --

A promissória dessas asas impossíveis

É o Nada convencido da excelência

Em protocolos concebidos em pátio de hospício.

O que não existe é a imanência

Da vontade em mil estrelas sórdidas

Como o mapa astral dum Bórgia

E as mil sombras que me ocorram

Com memórias e remorsos e sorrisos

Ao deixar um cemitério mal cuidado em Vila Velha.

O que não existe é ainda esperas e escombros

Do tempo que o Tempo esqueceu

E emanações da terra em cios e rocios

Na insipidez do que ainda é dor.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 14/02/2023
Código do texto: T7719073
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