Cinco sentidos sem sentido!
A beleza eternizada das estrelas,
ou as paletas de cores das flores
dão sentido à efabulação da cegueira
que me proíbe sentir o dom da visão.
Amo-te sem te ver!
Divina arte de conjeturar a voz melodiosa
desta ausência umbrosa e fria onde não
escuto o rouxinol que trina galanteador
Não ouve a melodia?
Amo-te sem te ouvir!
Respiro a alma das flores campestres
Incenso de perfume que me acaricia
em consolos na impossibilidade de sentir
o teu doce aroma…
Amo-te sem te cheirar!
Eu tenho fome e sede... Sequioso de ti!
Famintos meus desejos por teu beijo
secam deserticamente sem ti…
Amo-te sem te provar!
Macia …deve de ser a pele luzidia
meu leito em que me deito.
Sem ti não quero sentir outras carícias,
Tocar noutras insinuantes delícias…
Amo-te sem te sentir!
Foram teus olhos que decifrei
que pariram minha cegueira!!!
O grito de prazer total confunde-me
os sentidos...
E o fogo que ateou nos aromas em
Explosão carnal dissipa-me a razão!
O divino e eterno beijo de despedida
levou-me o tempo no amargo e fatal
sabor do cianeto...
No momento em que te vi nua,
Queimaram-se-me as digitais
para que nunca sinta saudade de te tocar!
Ficando sozinho na cinza em que ardi.