O meu jardim de amor
O meu jardim de amor
Não deixarei o vento alheio à floração do meu seio
A brisa que traz o teu pensamento ao meu num doce enleio
Talvez o perfume que sinto de vibrantes odores seja uma ilusão
Das flores deitadas no meu peito em suspiros de devoção
Elas respiram as dores sentidas por entre o tecido da pele afectuoso
Sentem-se acolhidas pelos batimentos do coração despido caloroso
Estão viçosas pelo cuidado da rega e do meu olhar soalheiro
Cada raio ensolarado abre as pétalas sedosas com o seu suave cheiro
Ai, mas fosses tu poeta com as mãos de amor no meu jardim
E o tratasses com rigor neste terreno selvagem que há em mim
Talvez sentisses a nudez estendida nessa viagem oferecida de tom marfim
E o rubor envergonhado de uma cor esquecida na face carmesim
Seria provavelmente inspirador se te debruçasses no meu peito
Respiraria certamente um poema de amor neste calor mais que perfeito
Luísa Rafael
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Porto, Portugal