ESCARRO

Minha poesia é surda,

não escuta os gemidos da cidade,

e se escuta

enojada cospe.

Minha poesia não tem rima,

tão pouco promete.

Minha poesia mente,

pende a todo som que estima,

minha poesia sente,

mais que tudo sente

e o que sente escarra,

vomita no papel, teclado,

o molha.

Minha poesia chora,

envolve cada lágrima de mim.

Num silêncio mudo, fala.

Cala toda voz.

Minha poesia não se sabe,

esconde

em algum canto escuro,

sob o céu da minha boca,

sobre tudo que jamais senti.

Minha poesia é, e mais que tudo, é bela,

debruça no beiral da tua janela

pra dizer te amo, adeus, quem sabe ou nunca mais.

Ivan Schneider
Enviado por Ivan Schneider em 12/02/2023
Código do texto: T7717582
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.