INORGÂNICA
Acompanho, desventurado, o teu féretro.
Levam-te para uma derradeira morada
E lá, certamente, estarás isolado do mundo,
A mercê dos famigerados vermes a roer-te
E a saborear tuas carnes e o tutano dos ossos.
Infelizmente tudo termina assim: carnificina!
A inorgânica do corpo humano se transforma
Através da decomposição inumana e as bactérias
E parasitas se locupletam na deliciosa refeição,
Tendo no sangue apodrecido o suco da degradação.
Fico a imaginar-me sobre o dia de minha partida,
Pois serei, também, manjar desses insaciáveis biltres.
Já matutei com a possibilidade de uma cremação,
Assim estaria livre dos horrendos abutres e seria cinza.
Espalhar-me-ão na natureza e seguirei sentindo o Sol!
DE Ivan de Oliveira Melo