INORGÂNICA

Acompanho, desventurado, o teu féretro.

Levam-te para uma derradeira morada

E lá, certamente, estarás isolado do mundo,

A mercê dos famigerados vermes a roer-te

E a saborear tuas carnes e o tutano dos ossos.

Infelizmente tudo termina assim: carnificina!

A inorgânica do corpo humano se transforma

Através da decomposição inumana e as bactérias

E parasitas se locupletam na deliciosa refeição,

Tendo no sangue apodrecido o suco da degradação.

Fico a imaginar-me sobre o dia de minha partida,

Pois serei, também, manjar desses insaciáveis biltres.

Já matutei com a possibilidade de uma cremação,

Assim estaria livre dos horrendos abutres e seria cinza.

Espalhar-me-ão na natureza e seguirei sentindo o Sol!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 09/02/2023
Código do texto: T7715714
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