"O ARRUACEIRO" Poema de: Flávio Cavalcante

O ARRUACEIRO

Poema de:

Flávio Cavalcante

I

Ficava ele fora de si e metia a cara na bebida

Saía pela noite igual à um desnorteado

Se metia em confusão de cara lavada e cuspida

Gastava o que não tinha e pedia emprestado

II

Sua vida era nas farras, mulheres e bordéis

Deixava sua mulher em casa com quatro filhos

Dizia ser o barão, parente de muitos coronéis

Uma locomotiva que já estava fora dos trilhos

III

O vício era o seu prazer e a sua maior felicidade

Passava horas à fio para chegar na sua casa

Cada biraia representava um atraso à dignidade

Da enganação que muitas vezes extravasa

IV

Seu ritual era marcado pela sua sacanagem

Mergulhado no errado mas não admitia o erro

Desprezava quem de fato dava a ele a vantagem

Só valorizava de fato na separação ou no enterro

V

Achava o anfitrião que estava abalando na noitinha

Que ser arruaceiro é ter a masculinidade em alta

Acordava pra vida quando perdia o resto que tinha

E não via que em casa não está fazendo tanta falta

VI

Voltava pra casa sem nenhum dinheiro no bolso

Igual a um cachorrinho pedindo amor e carinho

Ganhou um par de chifres e se afundou no poço

Perdendo o seu filé pro amigo ou pro vizinho

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 09/02/2023
Código do texto: T7715614
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