Quando amanheces
Quando amanheces
E esqueces
Os teus
Olhos negros
Escondidos
Nos meus
Verdes
Num refúgio
Onde te perdes
Despes
A minha alma
Sonolenta
Que acorda alerta
Nestes cruzados
Olhares
De vagares
Desencontrados
Numa calma
Suave
Numa paz interior
De docilidade
De quem desperta
Em recônditos lugares
E que só o amor
Sabe acariciar
Tudo
É pausado
E lento
Neste escuro
De luminosidade
Até mesmo o silêncio
Da felicidade
Pára o tempo
Bem devagar
Sedento
A olhar
O berço do embalo
Que os nossos braços
Enlaçados
Em espaços
Estreitos
De afagos
De sorrisos colados
E moldados
Em contornos
Mais que perfeitos
Deixam transbordar
Para quê falar
Se o nosso peito
Abraçado
Tem um jeito
De se expressar
Único
Entre os amantes?
Para quê falar
Se ele vibra
Sem sonhar
Um murmurinho
Na magia
Dos instantes
Da fantasia
E do carinho?
Luísa Rafael
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Porto, Portugal