Quando vieres
Quando vieres
Deixei-me ficar assim plenamente despida e delicadamente nua
No jardim da pele quente sentida que eternamente será tua
Respiro entre as paredes cansadas forradas com papel de tinta alegre
E só de te pensar suspiro as brisas caladas e fico em mim inocente e leve
Eu sei que a noite escura de estrelas luzentes abraça em liberdade o dia
Que a luz pura das manhãs quentes não é minha loucura nem fantasia
Que um dia chegarás com o olhar de poesia e o sorriso breve de ternura
Ficarás comigo para sempre colado no açúcar dos meus lábios de doçura
Sentirás um aroma de essências florais no sabonete na gaveta
Que abres na procura dos poemas de uma alma incontida de poeta
Tocarás os bordados floridos que enfeitam os recortes das madeiras
E os meus olhos perdidos pelo desejo da celebração se encandeiam nas frinchas soalheiras
O tempo da paixão se arrasta lentamente para o sedutor precipício
Vem docemente que a nosso amor, quem sabe um dia, será o teu suave vício
Luísa Rafael
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Porto, Portugal