Entre os Ossos da Alma

Uma gota d'água, a sua falta

- Mata! Sufoca! Arde!

Um pingo d'água, a sua ausência

- Queima! Dói! Seca !

A gota de orvalho, a sua falta

- Faz falta, deságua lágrimas

Arde a garganta, arde os olhos, encolhe os músculos, queima os nervos

Um pedaço que se faz ausência

É permanência de ardência presente sem lacunas

A corroer como a ferrugem,

A flutuar como nuvem

com todo seu poder de dizimar, subtrair, reduzir, apequenar...

Pedaço pequeno que gera solidão

tão oceano quanto a dor da permanente ausência do carinho de um olhar, do carinho de um sorriso, de uma palavra, da alegria de poder está longe da dor que faz encolher ...

do sentir solidão como o roer os ossos da alma tão pálida de chorar

Lágrimas a queimar igual as labaredas de coivaras em noites de verão !

A queimar tão igual a faca certeira a rasgar a escuridão sem prumo e sem

medo

E sem dó

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 05/02/2023
Reeditado em 06/02/2023
Código do texto: T7712456
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