Entrever
A vida é injusta
Justamente conosco
E em justos momentos
Mesmo fazendo certo,
Certos ditames
Confundem os acertos
E estranhos agentes
Tiram da gente
O direito ao direto
Os mudos falam
A surdos que ouvem
E cegos, continuam cegos
São dedos em riste
E restos nos rostos
Em gestos indigestos
Como limpar a imundície
Que não finda e afunda
Nesse mundo imundo?
Uma receita é aceitar,
Aos poucos, que louco
Não se entrega nem integra
E, lentamente, uma lente
Dispõe a mente
Entrever em espelho.