INQUIETUDE

Inacreditável

Desaprendi a escrever de próprio punho

A dor digitada parece longe

Nem me pertence

Estranhei meu corpo dia desses

Tive ganas de esvaziar a alma desse peso excessivo

Inevitável

Espiando a chuva do vão da janela

Rezei contrita: me leva, me toma, me liberta

Mas no íntimo eu sei

Que ainda não

Que ainda é cedo

Eu sinto

Que o degredo tarda a findar

Por isso

Quando amanhece eu incorporo a outra

Incontrolável

Que abre portas

Liga o carro

Toma notas

Come e bebe como quem se importa

E espera

Com a sede de um náufrago

Pela gota d'água que falta

Para mergulhar

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 04/02/2023
Código do texto: T7711369
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