INQUIETUDE
Inacreditável
Desaprendi a escrever de próprio punho
A dor digitada parece longe
Nem me pertence
Estranhei meu corpo dia desses
Tive ganas de esvaziar a alma desse peso excessivo
Inevitável
Espiando a chuva do vão da janela
Rezei contrita: me leva, me toma, me liberta
Mas no íntimo eu sei
Que ainda não
Que ainda é cedo
Eu sinto
Que o degredo tarda a findar
Por isso
Quando amanhece eu incorporo a outra
Incontrolável
Que abre portas
Liga o carro
Toma notas
Come e bebe como quem se importa
E espera
Com a sede de um náufrago
Pela gota d'água que falta
Para mergulhar