Filha do acaso

aqui penso estrelas

olho para o céu

olho para o tempo

aqui disfarço insônias

uma solidão é o que mereço

talvez uma febre quadrada

queria tua voz abrasada

você... filha do acaso

um sentimento inventado

travou meu coração

aqui me desfaço

me quebro, me despedaço

procuro inventar uma ideia

um jeito de te esquecer

vejo vultos, passos, ratos

só não vejo... você

isso agora não importa

me levanto, bato a porta

abro a janela, vejo a rua

asfalto molhado, casas nuas

passa um bêbado, passatempo

um vento rouba meu calor

já não quero esquecer

daqui vejo até a lua

só não vejo... você

Luiz Dezenove
Enviado por Luiz Dezenove em 03/02/2023
Código do texto: T7710205
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