O Oco do Ócio
Sufoca o cio
Engasga o cio
Cio à míngua
Encurrala o cio
Muralha o cio
Cio desbotado
Acorrenta o cio
Guilhotina o cio
Mascara o cio
Cio à margem
Enterra o cio
Cio anêmico
Cio sabotado
Encarcera o cio
Cio asfixiado
Cio apavorado
Cio descolorido
Cio dolorido
Cio desvitalizado
Cio infertilizado
Cio com medo
Cio no cabresto
Cio abandonado
Cio vazio
Velado
Fossilizado
Cio com fome
Cio com sede
Em abismos - vícios meus sós
Mas, ainda pulsa a firme veia do rio
que colore o oco do ócio
que irriga e nutre as veias do cio
E perfuma e se desmancha em outros cheiros no epicentro da coragem
e das sementes de beleza
Essa santa prostituta imaculada
A parir gestos de leveza
de grandeza da poesia
de semear versos em caminhos e estradas
A parir sorrisos que pulverizam hálitos como orvalhos que irrigam
Átomos de genuína Boniteza