O Oco do Ócio

Sufoca o cio

Engasga o cio

Cio à míngua

Encurrala o cio

Muralha o cio

Cio desbotado

Acorrenta o cio

Guilhotina o cio

Mascara o cio

Cio à margem

Enterra o cio

Cio anêmico

Cio sabotado

Encarcera o cio

Cio asfixiado

Cio apavorado

Cio descolorido

Cio dolorido

Cio desvitalizado

Cio infertilizado

Cio com medo

Cio no cabresto

Cio abandonado

Cio vazio

Velado

Fossilizado

Cio com fome

Cio com sede

Em abismos - vícios meus sós

Mas, ainda pulsa a firme veia do rio

que colore o oco do ócio

que irriga e nutre as veias do cio

E perfuma e se desmancha em outros cheiros no epicentro da coragem

e das sementes de beleza

Essa santa prostituta imaculada

A parir gestos de leveza

de grandeza da poesia

de semear versos em caminhos e estradas

A parir sorrisos que pulverizam hálitos como orvalhos que irrigam

Átomos de genuína Boniteza

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 02/02/2023
Reeditado em 03/02/2023
Código do texto: T7710122
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