rápido como um trovão

esquecido na castidade

ninguém sabe dele

nem mesmo o riso do santíssimo

pássaros de mim fugiram

voaram em busca de um não-sei-o-quê

e saber pouco importaria

aos olhos cansados da minha presença

num mundo cheio de tormentas

os pássaros podem partir

eu tenho pés presos ao chão

rótulos colados nas minhas vivências

ideias mutiladas das guerras perdidas

tantos sonhos esquecidos ao acaso

o caos de uma vida em gaiola

livros na estante para serem lidos

carvão queimado para cozinhar toucinho

outros pássaros virão para cá dentro

metamorfosiei-me em graúna

ou pombo de praça pública a buscar comida

necessito de amor além lençóis de cama desarrumados

quero voar a montanha de Sísifo

Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 01/02/2023
Código do texto: T7708694
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