POEMA DA DEPRESSÃO
É ruim viver assim
Sinto o mundo contra mim.
Não consigo respirar
Sinto o fôlego me faltar
Eu sou mal compreendida
É só tristeza minha vida
Já não tenho mais sossego
Preciso de um aconchego.
Para me sentir querida
Não posso falar de amor
Se o que sinto é só dor
E vivo sem ter conquista
Quando penso ser artista
Desse mundo não faço parte
Se não sei mais fazer arte
Me sinto muito perdida
Eu me sinto deslocada
Sozinha e desolada
Já pensei em me matar
Mas nem pra isso servi
E é só por esse motivo
Que ainda estou aqui.
Fico olhando minha vida
Passando despercebida
Sozinha na multidão
Desistir, me desonrar
Eu fico a imaginar
Como dói meu coração
Eu às vezes sinto falta
Como menina peralta
De um apertado abraço
Mas porém me prende o laço
Da mais triste solidão
Cada vez mais me entrelaço
Nessa cruel depressão
Pra chorar tenho motivo
E sigo sem incentivo
Só sinto dor em minh'alma
Já não sei o que é calma
Mas continuar preciso
E a cada lágrima que derramo
Ao Senhor meu Deus eu clamo
Por cada gota que cai
Minha vida se esvai
Só em dor e desalento
Aumentando o sofrimento
Meu gemido é um triste ai
Eu vejo um passarinho
Vejo também um gatinho
Brincando todo faceiro
No suspiro derradeiro
Inda clamo por carinho.
Mas que malvada ironia
Ao meu lado a alegria
Passa dançando a sorrir
O meu olhar no porvir
Ainda vendo o gatinho
Minha vida é só espinho
O que me resta é cair
Faço meus versos em prosa
Queria ofertar rosa
Porém me sinto morrer
Então evito esse ato
Porque só o meu contato
Pode te fazer sofrer
As vezes a dor de um corte
Me faz lembrar a má sorte
E te fazer perceber
Que no meu torto caminho
Da rosa só o espinho
Posso te oferecer
Na poesia me liberto
Escrevendo o que é certo
A ferida mostra a cara
Numa atitude rara
Eu abro a boca e te falo
Mas por dentro sou indeciso
E é por isso que me calo
Mas desabafar preciso.