vais meu barquinho pelas ondas do mar
sem capitão, sozinho como nasceste
se aparecer um gigante não te assustes
o mar não mata, o mar não faz doer
dele somos amigos ou amantes
como assim disser o coração
não entenderei jamais os homens
eles se vão, eles não dizem adeus
eles são loucos ou são hipócritas
não quero mais ver a Terra
leva-me, barquinho, para outros mares
de onde eu possa poetizar aos peixinhos
no âmbar elétrico deixar um carinho
das coisas escritas à toa, à toa
a melhor foi o poema de Maria Boa
prostituta da Cidade Alta, requintada
se puder, meu barquinho, voltes pra casa
quando a dor passar e os relógios do mundo todo
pararem de badalar... sem parar o meu triste coração