a Compor Cios: Portos Leveza
O nervo a mercê de um berço
O ninho úmido quente macio
E passarinho sujo de tão sozinho
Rio macio
Barco sem remo
Chão terroso
E a vertigem das sementes sós
Sozinhas
E as estrelas pulsando a alegria de ser em - cores - ser raízes
E o poeta bêbado sem ter bebido
A seca seca a iris do olhar desse homem a sós !!!
E a brisa leve solta devagar
Sem folhas a remar montanhas
E o mar azul em calor
E a pele vazia do desejo de ser pele
E o entardecer escrevendo versos no mundo solar só seu
E o poeta escrevendo sonhos
Esculpindo a própria vida
Sem rascunhos
Sem esboços
E o poeta a compor a beleza
Enfeitiçando o cotidiano
Sem uso
Sem pressa
E o poeta a compor a vida
com sua imaginação simbólica
Lacrimejando versos com os perfumes do estrume que as flores
deixam com seus rastros
Na carência absoluta de fruir da própria vida seu elixir
a compor cios
Portos Leveza