a Compor Cios: Portos Leveza

O nervo a mercê de um berço

O ninho úmido quente macio

E passarinho sujo de tão sozinho

Rio macio

Barco sem remo

Chão terroso

E a vertigem das sementes sós

Sozinhas

E as estrelas pulsando a alegria de ser em - cores - ser raízes

E o poeta bêbado sem ter bebido

A seca seca a iris do olhar desse homem a sós !!!

E a brisa leve solta devagar

Sem folhas a remar montanhas

E o mar azul em calor

E a pele vazia do desejo de ser pele

E o entardecer escrevendo versos no mundo solar só seu

E o poeta escrevendo sonhos

Esculpindo a própria vida

Sem rascunhos

Sem esboços

E o poeta a compor a beleza

Enfeitiçando o cotidiano

Sem uso

Sem pressa

E o poeta a compor a vida

com sua imaginação simbólica

Lacrimejando versos com os perfumes do estrume que as flores

deixam com seus rastros

Na carência absoluta de fruir da própria vida seu elixir

a compor cios

Portos Leveza

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 30/01/2023
Reeditado em 31/01/2023
Código do texto: T7707585
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