SONO PROFUNDO

Em sono profundo

O gigante adormecido

Não vê ou sente que estão a lhe queimar a pele

Não vê ou sente que estão a lhe secar o sangue cristalino

Não vê ou sente que estão a lhe asfixiar com ares de evolução

Não vê ou sente que estão a lhe atacar as entranhas apodrecendo-as

Segue num torpor macunaímico

Em suas formas diversas

Espera que os anões que velam seu sono

Apaguem o fogo de sua pele

Purifiquem seu sangue e as veias em que se espraia

Devolvam os ares que o mantem vivo

Preservem a integridade de suas entranhas

Ilusão que lhe custará a pujância da saúde

E seguindo em estado de coma

Morrerá sem ver ou sentir a força de seu corpo

Metamorfoseado em areia desértica