OS SENTIDOS E O FASCÍNIO DAS PALAVRAS
Em cada palavra há um mistério
A ser descoberto e apreciado.
Na sua etmologia,
Existem tantos sentidos
Que podem ser decifrados e percorridos...
Sim, pois quanta beleza de significados
Não encontramos na palavra aletheia
Que nos mostra a nossa condição
De sair da letargia
E caminhar na vereda do despertar da verdade!
Quantos caminhos de entendimento
Podemos trilhar
Ao manusearmos como uma operação do espírito
A parola epocké:
Responsável pela suspensão do juízo
E de muitas certezas,
A fim de que a nossa caminhada intelectual
Seja mais modesta e singela!
Não somente de signos se forma
O ser de uma palavra.
Mas nela habita um universo
Que remete a uma origem
E que muitas vezes nos propícia
Uma polissemia profundamente
Inspiradora e intrigante.
É da nossa vaidade
Que nos deparamos com o vazio,
Com a vanidade de muitas aspirações
Movendo a nossa existência
E com a certeza inexorável da finitude e da morte.
Que interessante expressão
Para designar a opacidade
De certos gestos e intentos humanos!
Como já dizia o sábio Quolelet
Ainda vivendo em toda sua glória e esplendor:
"Tudo é vaidade..."
Tão fascinante quanto o húmus
A fertilizar a nossa morada,
É a virtude da humildade
Que nos faz lembrar da nossa condição;
De que somos feitos dessa mesma matéria
Responsável pelo germinar da vida
Em abundância.
Para adentrar no recanto de um poema
E nele se refugiar,
Quantas profusões de ideias
E principalmente de sentidos
São necessários para compor a sua orquestra
Que toca até nos recônditos de nosso ser!
Eis aqui a inspiração do poeta
Envolvido pela atmosfera da linguagem
No seu sentido bruto e mais sublime.