Ontem Eu Te Vi Nua
Ontem eu te vi nua
Na penumbra do teu quarto
as tuas curvas tão exatas
das lembranças dos meus beijos
Da saudade de te olhar
Da vontade de te tocar
Do êxtase de ver o teu corpo sorrir diante do meu abraço faminto por você
Ontem eu vi teu corpo nu na palidez da noite
Que há tanto tempo eu não via
e me arrepiei a pele tão seca
de tão sedenta e sozinha, tão deserta e tão só minha
Minha pele querendo ser tua
em vão
E sentir vontade de chorar da alegria
diante do teu corpo nu tão só
Exatamente só teu
E eu a sentir fome e sede do teu corpo macio com curvas que emanam cheiros de alecrim
E a minha boca quente a salivar agonia de tanto te querer só minha
Entre minhas duras coxas
Entre meus duros músculos
e o meu lábio trêmulo sem poder falar teu nome pra não rasgar o teu silêncio
E por dentro de mim
um vulcão com a cor do vazio
que a ausência do teu corpo me dar
E por fora de mim suor frio
e uma sede quente a me desorientar
Por fora de mim a lágrima ardente do meu riso em êxtase
a me enlouquecer por dentro
como explosão de estrelas
em alto mar
Ontem eu te vi nua
Sorri em silêncio sentindo o gosto salgado do teu corpo tão nu, tão só teu, tão distante de mim
E até hoje eu guardo
em segredo tatuado
como testemunha da boniteza da tua pele nua
Sem nunca imaginar o meu olhar ousado e tímido, macio e carente do calor dos teus poros
a transpirar o teu cio
Porque a tua nudez
Me fascina e me enlouquece
Me faz menino acuado
diante da poesia quente
escrita em teu corpo nu
Sob o foco do meu olhar cúmplice, vagabundo, peregrino de mim
E com meus olhos fechados
continuo a te ver sempre nua
A me causar delírio
Porque o teu corpo
não posso ver mais,
Não posso mais tocar
Porque ficou só com você
Sem saber do meu olhar sedento
por tua pele que outrora foi tão só minha
Que ainda colore a minha existência como homem irmão das estrelas
Na eminência de te ver nua
Outra vez
em qualquer lugar
(raicarvalho)
verão 2023
tarde