Persistência
Persistência
Quantas mentiras sopraram deleitosas nos meus ouvidos?
Quantos beijos prometidos nas peles sedosas acabaram esquecidos?
Quantas palavras tacitamente amorosas foram pervetidas?
Quantos silêncios amarrotaram promessas já vividas?
Quantas noites foram o leito da espera de olhos acordados?
Quantos poemas dedicados nunca me foram declamados?
Quantas flores de cheiros perfumados não vieram ter à minha mão?
Quantos amores silenciados estão guardados no meu coração?
Quantas visões foram paisagens do que não veio?
Quantos pensamentos e ilusões se perderam no seu passeio?
Quantas imagens estão gravadas nos meus olhos cegos?
Quantos momentos são viagens de procuras e desassossegos?
Surge então a inevitável questão, quantas mais desilusões virão?
Não sei, não, mas vos garanto com fiável convicção, eu não fecho o coração, não!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal