na infância queria morrer e virar arcanjo

na infância queria morrer e virar arcanjo

era a fantasia intervalada entre

aquaplay playmobil e gritarias domésticas

no delírio de asas o propósito daquela vida

que não se percebia angustiante

mas que se revelava sufocada e impotente

na construção de vínculos

no desenho de elos

anjos não bastavam

a ambição do arcanjo era como um gigante salto sublime

na fumaça que permite formas ao olhar

oscilante numa gangorra de alucinações e desejos