Poema Enforcado Sangrando

Quando as paredes comprimem

Quando os muros apertam

Quando os cabrestos cercam

Rédeas que asfixiam

E o grito sufoca

E o cheiro de choro se elastece

E a cor da lágrima desbota

embolora e sufoca

Quando a garganta arde e queima

E o silêncio grita e palpita como vulcão

E a palavra engasga

Porque paredes não ouvem

Muros não escutam

Cabrestos se esgarçam

E as rédeas cumprem seu dever de ser rédeas

E o verbo ouvir surge como lama podre e fétida nos varais castigados pelos sóis da verdade crua e nua

E as noites nunca tem amanheceres

E os dias comprimidos asfixiados

sucumbem inertes diante do tempo perverso

E a palavra

E a dor

E os dias

E as horas

E os instantes

E os momentos amargam

E ficar só é trégua surda

E ninguém ao lado da distância que sufoca

E perto fica longe

E o medo se tonaliza com as matizes de uma sólida solidão seca e amarga

E a palavra na forca

E ninguem ouve porque nada sabe!

E sozinho como um rio

A desvendar a minha sina

Como um poema enforcado

Sangrando

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 19/01/2023
Reeditado em 20/01/2023
Código do texto: T7699509
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