Poema Enforcado Sangrando
Quando as paredes comprimem
Quando os muros apertam
Quando os cabrestos cercam
Rédeas que asfixiam
E o grito sufoca
E o cheiro de choro se elastece
E a cor da lágrima desbota
embolora e sufoca
Quando a garganta arde e queima
E o silêncio grita e palpita como vulcão
E a palavra engasga
Porque paredes não ouvem
Muros não escutam
Cabrestos se esgarçam
E as rédeas cumprem seu dever de ser rédeas
E o verbo ouvir surge como lama podre e fétida nos varais castigados pelos sóis da verdade crua e nua
E as noites nunca tem amanheceres
E os dias comprimidos asfixiados
sucumbem inertes diante do tempo perverso
E a palavra
E a dor
E os dias
E as horas
E os instantes
E os momentos amargam
E ficar só é trégua surda
E ninguém ao lado da distância que sufoca
E perto fica longe
E o medo se tonaliza com as matizes de uma sólida solidão seca e amarga
E a palavra na forca
E ninguem ouve porque nada sabe!
E sozinho como um rio
A desvendar a minha sina
Como um poema enforcado
Sangrando