O Inverno
O Inverno
Sopra uma ventania turbulenta que dança com a chuva intensa
Um Inverno de cor cinzenta numa melancolia sem licença
Cai e rodopia a chuvada que avança num ameaçador temporal
Leva o calor numa rajada de furor como uma lança para outro local
Corpos molhados ficam esculpidos pelas águas neles quebradas
Cada gota abre trilhos perdidos pelos poros luzidios das estradas
Um frio que escorrega por curvas sinuosas lavadas
E que leva as cores turvas Invernosas para as roupas cansadas
É impetuoso e incontrolável este vento que me desiquilibra
Mas não mais que o tormento do amor instável que em mim vibra
Não tenho medo destes Invernos quentes que trovejam no coração
São infernos que se desejam nas fúrias envolventes da paixão
Como gostaria que viesses subitamente como um clarão de trovoada
Num trovão de luminosidade surpreendente que me beija assim do nada
Luísa Rafael
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Porto, Portugal