Poesia de Bolso 76 ( Testamento )

Os meus melhores amigos morreram todos.

Nem todos, mas quase...

E nesse triz de alegria por estarem vivos

Penduro os trastes tristes da esperança

Concreta e verde o inseto de Clarice

Não mais a que me sustenta nem sempre músculos

A carne eu sinto reclamando o fardo

De se estar vivo enquanto morto tardo

E amanheço com línguas sol a me lamber a pele

A me atestar o dia embora a sombra...

E de assim sorrir colhendo as lágrimas

Ou de assim chorar regando o riso

Eu colho a chuva que me pranteia

E deixo ao acaso, à sorte dos dados

Se Deus ou o Diabo, se fogo ou madeira.

Aldo Guerra
Enviado por Aldo Guerra em 08/12/2007
Código do texto: T769920