Vem ter comigo
Vem ter comigo
Ao mesmo
Porto de abrigo
Nesta madrugada
Calada
Que te espero
Acordada
Com a solenidade
Do vento
Aturdido
Que não se cansa
De te chamar
Com o seu gemido
Quente
E transparente
Não ouves
O clamor
Que dança
Enlouquecido
Nas curvas
Das transparências
E sensualidade?
Não ouves
O assobio
Conquistador
Que vagueia
Nas asas do amor
Em voos
Que rasgam o esplendor
Do sol luzidio?
Não ouves
O meu silêncio
Engolido
Que mergulha
Numa linha basal
De um vazio
Esquecido
E que borbulha
Emotivo?
Não ouves
O meu beijo
Carmim
Repenicado
De sons vibrantes
E calorosos
Com floreados
Amorosos
De um jardim
Acolhedor
Do desejo?
Não ouves
A intensidade
Dos batimentos
Pulsantes
De um coração
Que habita
No paraíso
Dos encantamentos
E que grita
A emoção
E os sentimentos?
Diz-me, então
Ouves os chamamentos
Da alvorada
Ou não ouves nada?
Luísa Rafael
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Porto, Portugal