Estudando o poema*

Por trás de todo sorriso,

há, necessariamente,

sombras.

Falar da foto dela sorrindo na praia.

Paixão é se encantar pelo mar.

Amor afundar

nas ondas.

*É como se estivesse fazendo a operação mental da construção de um poema na frente do leitor. Feito um "bolo pelado", que se deixa ver as camadas que compõem o todo. Primeiro vem a ideia "dura" (todo sorriso carrega consigo algumas sombras); depois, em que, do mundo físico, essa ideia será aplicada (numa foto); por fim, o poema, transformando-se numa terceira coisa (in)dependente das duas primeiras, que as representa de forma disruptiva, porque nem física como a foto, nem ideia puramente, mas síntese entre ideia e foto, como se o poema fosse um terceiro elemento entre mundo físico e mundo das ideias, que os junta e os subverte ao mesmo tempo.