O sonho

O sonho

O silêncio abranda no meu colo leve despetalado

Caiem pétalas num linho breve de um cru amarrotado

Os meus cabelos descaidos têm um cheiro perfumado

Numa noite dos sentidos em que só em sonhos estiveste ao meu lado

Ai, se os sonhos não fossem os desejos que não aguentam escondidos

E que condimentam o pensamento dos dias ansiosos foragidos

A esperança seria apenas uma palavra por entre outras do dicionário

Seria vaga com letras serenas e cansadas num elo imaginário

Eles vêem pela escuridão das noites acordadas com o amor latente

Entram na solidão por entre as rugas atordoadas do lençol quente

Ficam ali quietos no desassossegado temporal da paixão

Com o sol matinal saiem de mansinho mas ficam despertos no coração

E assim vou mantendo a chama na aridez do deserto que me dás

Vou-te vendo em mim por perto na nudez que fica pelas manhãs

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 17/01/2023
Código do texto: T7697076
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