Quando eu era criança
Quando eu era criança
Quando afloro no tempo a doce e calorosa lembrança
Num tempo em que diziam que eu era criança
A vida tinha o cheiro de uma Primavera em explosão
Não sabia que as cores da idade seguiriam um definido padrão
Que as dores do crescimento dariam lugar às dos amores
Que as quedas no chão passariam a ser as do coração
Que o desejo do futuro apressado passava a olhar o passado
Que as histórias de magia e criatividade seriam memórias ao meu lado
Que a pressa pela felicidade rapidamente se tornaria lenta
Que a a idade vem com a palavra saudade que o sentimento inventa
Que a adrenalina em festa seria a orquestra silenciosa
Que a alegria na rotina seria de uma monotonia fastidiosa
Que os deveres escolares seriam papéis de preenchimento automático
Que o riso inocente passaria a ser um sorriso social simpático
Que a gargalhada irreverente seria inapropriada
Eu era simplesmente criança e não sabia nada!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal