BLUES
BLUES
Próximo das cinzas
Ouço blues
Que triste aplaca a tristeza
Pela melodia ritmada chorada
Que flui da guitarra
Lá fora canta a cigarra
Anunciando calor
Aqui dentro aflora o suor
De cada nota tirada
Nesta noite de nada
Começa o som das calhas
Que o temporal espalha
Num ritmo só seu
Desvinculado do meu
Que só ouve batidas ritmadas
Do coração em pedaços
Agora apenas traços
Do que foi um dia
Da música arredia
Que protestava utopia
E aos poucos entregou-se
A realidade maciça
A vida submissa
Aos destinos e desatinos
Do respirar sem suspirar
Blues sem azuis
Até as implacáveis cinzas